Filmes

O Diário de Lucília (2026)

"Desculpa se pareço insistente, mas não consigo esquecer um grande amor"

Realizado por João Costa Menezes

Género: Musical

 

Assim tudo começa...

 

VILA DA FEIRA 1972. NOITE. EXT

É dia de S. Sebastião, a Festa das Fogaceiras. Toda a vila está animada.

Há ranchos folclóricos, milhares de romeiros, tendas e tendinhas, conjuntos típicos e fado, acompanhado ao acórdeão e ao cavaquinho.

Num palco, um conjunto típico toca música popular portuguesa e centenas de pessoas bailam e rodam, levantando poeira.

Um grupo de jovens trajando roupas típicas de grupo folclórico dançam ao som do conjunto típico e riem muito, felizes.

Um jovem observa uma jovem desse grupo em particular e sorri-lhe. Ela sorri-lhe de volta.

 

Os dois jovens que viramos antes sorrindo-se, correm por uma rua fora. Ele persegue-a; ela desafia-o.

 

LUCÍLIA e MARCELO, os dois jovens, agora dançam, numa rua ao lado do grosso da romaria. A música é alegre, eles dançam juntinhos, um tempo um pouco mais lento do que o da música. Ele tem uma máquina fotográfica pendurada ao pescoço.

 

MARCELO

                                           Um beijo, Cila, é só o que te peço.

 

LUCÍLIA

                                           Ainda é cedo, Marcelo. E mesmo... eu nem sei se quero.

 

MARCELO agarra LUCÍLIA pela cintura e encosta-a a um portão de madeira.

 

MARCELO

                                           Agora fica quietinha nessa posição...

                                           Estás linda e eu, quando me for embora, posso beijar a fotografia as vezes que quiser!...

     

LUCÍLIA faz poses em frente ao portão.

A fotografia será a preto e branca, mas MARCELO lembrar-se-á perfeitamente da cor de LUCÍLIA e de todas as coisas desse dia.

Enlouquecidos de paixão, naquele clima de festa ia ser muito difícil resistir. Mas ainda não seria naquela romaria o encontro de lábios e línguas dos dois apaixonados.

Declaração do Realizador

 

Não foi o ter sido considerado Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO que me moveu a fazer um musical de Fado. Foi simplesmente a paixão enorme que sempre nutri por musicais, pela nossa cultura, por Fado e pelo cinema Português dos anos de ouro, das décadas de 30 e 40 (ainda que sobretudo comédias, continham muito de musical nelas), não esquecendo que o primeiro filme sonoro Português (A Severa) já indiciava o nosso forte gosto por musicais, ainda que raros tenham sido os musicais feitos.

Neste filme, tentaremos retratar as diferentes épocas da forma o mais fiel possível (final dos anos 60 até ao presente) e para tanto usaremos imagens de época bem como a cor do filme será diferente consoante a época.

Usaremos fados tradicionais conhecidos do grande público, para que este possa cantar (ou cantarolar) enquanto assiste ao filme, mas também alguns (em menor quantidade) originais. Contamos com um elenco invejável composto por alguns dos maiores nomes do Fado da actualidade, por alguns dos melhores actores portugueses e por actores no mundo dos musicais de palco.

A história de amor, o amor que se reencontra muitos anos mais tarde, o amor que tudo vence, as performances dos fadistas farão deste filme um acontecimento grandioso e inesquecível para o espectador, amante ou (ainda) não de Fado.

 

João Costa Menezes 

A história

Uma história de amor no final dos anos 60, numa pequena vila do nordeste transmontano, Vidago (que iremos retratar o mais fielmente possível como era a beleza das suas ruas, o lindo apeadeiro rodeado de árvores, de pensões e de hoteis).

 
Marcelo e Lucília são dois jovens apaixonados cujo romance é interrompido com a chegada à vila de um médico. O médico ia para Chaves mas ao vê-la, do comboio, à janela da pensão dos pais onde vivia, decidiu sair ali mesmo e alterar o seu destino. Ela era assim de linda...


Os pais dela viram com muito bons olhos a troca de namorado, muito melhor um médico do que um jovem tonto que sonhava ser fadista, e juntos aproveitaram uma gripe da Lucília para a colocar em quarentena. Absolutamente ninguém a podia visitar, apenas o médico, que passou a residir na pensão. Afastado de repente, impedido de a ver, sem entender como tudo acontecera tão rapidamente, e vendo uma noite o vulto dela no seu quarto, a abraçar e beijar o vulto de um homem, Marcelo, acabou por sair da vila, com o seu amigo de infância Benjamin, guitarrista de fado, tendo ambos ido viver para Lisboa.


Lucília casa com o médico. Anos mais tarde, mudam-se para Nova Iorque, juntamente com os seus filhos. Aos poucos, o casamento vai perdendo o charme que tinha, com o médico cada vez mais embrenhado no seu trabalho no Hospital local e menos na família, e acabam por se separar.


Marcelo, já fadista profissional, um certo dia, em digressão pelos US, vê-a numa rua, em Brooklyn, e segue-a, descobrindo onde ela mora...